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HUMANOS SERES
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ALDO FORTES

            O poeta Aldo Fortes nasceu em Bananal (SP) em 1950. A pessoa com quem falo às vezes por telefone recusa-se a fornecer dados mais detalhados sobre si, o que poderia vir a esclarecer certas questões de ordem biográfica, mais que poética, já que esta se mostra em cada um de seus trabalhos. Auto-exilado em sua própria terra, com esposa e um casal de filhos, apartado do convívio com os poetas amigos, penso que Aldo Fortes seja um auto-didata no que respeita ao estudo da Literatura e de idiomas, com alguns dos quais parece ter muita familiaridade. Aldo é movido por aquela curiosidade que resulta em descobertas: se o poema é chinês, vai fundo e estuda e discute e curte.
            Nota-se que leu muito, pois discorre com desenvoltura e brilho sobre poetas e artistas em geral. E já chegou naquele estágio de serena maturidade, em que se busca a qualidade, onde quer que ela esteja. Sua poesia, em princípio, de um verbo contundente, foi ganhando com a incorporação de elementos visuais, elementos estes, cada vez mais estruturais nos poemas. Embora seu primeiro código seja o verbal, chegou a elaborar poemas onde não entra sequer uma palavra, nem no título (que inexiste), como no "John Cage", publicado em nossa ARTÉRIA 5.
            Aldo Fortes teve seu primeiro poema publicado em MUDA (1977), peça que impressionou, pelo cheiro de pastiche (grande o peso de sutis citações), cortes brutais, bomba atômica, em que o uso proposital do cacófato nocauteia abruptamente: BOCADELA (a boca dela: ela, a poesia), tirou o menos avisado leitor do estado de letargia! Cultivando um lado Rimbaud, Aldo Fortes desaparece, deixa de circular por esta Paulicéia e, de repente, uma aparição ou, o que é mais certo, um telefonema acontece e aí é uma alegria e um comentar compulsivo sobre as coisas da criação artística. Trezentas mil palavras por segundo. Muita informação para o mortal comum que sou. Sempre a promessa do envio de cartas contendo críticas e poemas. Cartas que - pelo menos para mim - nunca vêm. Porém, nas raras vezes em que nos encontramos em São Paulo, ocasiões em que também comparecem Walter Silveira e Paulo Miranda, temos a chance de surripiar poemas, os quais são, como que à revelia, encaminhados para publicação em revistas.
            Aldo dizia que vivia entre as cidades do Rio de Janeiro e Bananal.  Agora (já há algum tempo) vive em Bananal, cidade que, nos áreos tempos do café no Vale do Paraíba - partes dos séculos XIX e XX - foi muito próspera e conserva vestígios da antiga riqueza.
            Aldo, recentemente, por telefone, disse-me que havia tido um grave problema vascular, do qual ainda estava se recuperando. De qualquer maneira, aproveitava o tempo de repouso para retomar leituras.Tudo indica que sempre produziu bastante, mas quase nada publicou por iniciativa própria, o que tem sido feito por seus amigos poetas, entre os quais eu me incluo. Tem trabalhos publicados em ZERO À ESQUERDA, ATLAS e ARTÉRIA 6, o que o faz conhecido num meio bastante restrito, porém, de grande peso. Recentemente, colocamos um seu trabalho na Internet, em ARTÉRIA 8
             Numa das vezes em que Aldo Fortes esteve em minha casa (ainda à Rua Dona Veridiana) fiz dele, que se mostrava muito contrariado, algumas fotos, das quais poucas se aproveitam, já que eu não conseguia foco, dada a sua inquietação. 
            Nesse trabalho de elaboração de uma obra, Aldo vai elaborando, também, uma biografia singular: antimídia, por excelência. Mistérios cercam a vida do poeta. Para os de fora. Que os de dentro talvez nem saibam de sua grandeza como poeta.  O poeta trabalha em silêncio. Poesia. OMAR KHOURI

 


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