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LENORA DE BARROS

 

Lenora de Barros nasceu em São Paulo (SP) no ano de 1953. Além de uma escolaridade regular, do elementar à graduação em Lingüística e à pós-graduação (que não quis concluir) teve, desde a infância, o privilégio de conviver com artistas e poetas de primeira linha, numa época em que São Paulo vivia grande efervescência cultural, com produtores-de-linguagem que laboravam em uma Arte para uma nova sociedade, com novas exigências, portanto. Isso, dado o fato de ser filha do artista plástico e designer Geraldo de Barros, um dos pioneiros do Abstracionismo no Brasil, o qual, além de seus companheiros de ofício, tinha estreito contato com os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos e outros.
 
Poeta (sim: poeta) desde cedo familiarizada com o rigor do Concretismo, Lenora de Barros valorizou o aspecto visualidade em seus trabalhos (não muito numerosos, mas densos), trabalhos esses em que a fotografia (signo indexical, com fortes traços de iconicidade) teve (e tem) grande relevância. E nisto há que se lembrar, também, o pioneiro trabalho experimental feito no Brasil por Geraldo de Barros: FOTOFORMAS.

A fotografia para Lenora de Barros não é uma técnica-linguagem que basta a si-mesma, mas uma dentre as linguagens que utiliza para organizar suas faturas - intersemióticas, dir-se-ia lá pelos idos dos anos 70 do século passado - porém, a "lucescriptura" comparece com um peso muito grande. Geralmente ela concebe trabalho que conta com o auxílio de fotógrafos-técnicos que executam a parte que lhes compete: Lenora é quem quase sempre aparece nas fotografias, aspirando, os trabalhos, à condição de auto-retratos. Fotos assim obtidas vão se juntar a outras linguagens que comporão o poema.

A poeta é exímia em se tratando do código verbal, mas se orienta cada vez mais para o âmbito das Artes Visuais (com forte dose de conceptualismo). Daí que, de 1975, até hoje, tem trazido a nós poemas admiráveis, como: "Homenagem a George Segal", "Poema", "Em forma de família",  "See me", "Procuro-me" e tantos outros em que a fotografia entra como elemento de ordem constitutiva estrutural.

Lenora de Barros publicou, como como todos os poetas afins de sua geração (e de outras tantas) seus poemas em revistas (sendo, de algumas, também editora) como: POESIA EM GREVE, QORPO ESTRANHO, CÓDIGO, ZERO À ESQUERDA, ARTÉRIA. Por outro lado, tem participado de inúmeras exposições, dentro e fora do Brasil, coletivas e individuais. Seu primeiro e único livro, até o momento, é de 1983: Onde se Vê, pela Editora Klaxon. Alguns vídeos, como o feito por Walter Silveira, de seu poema "Homenagem a George Segal" (anos 80) demonstram que certos trabalhos seus prevêem outros meios, sendo o livro/revista, uma simples possibilidade. Ou seja, seu trabalho poético transita de um meio para outro sem perda de informação estética.

Contrariando, assim como Volpi, a sina de que artistas brasileiros decaem depois dos quarenta, Lenora de Barros não só manteve como mantém o nível dos seus trabalhos e os tem levado ainda mais longe, norteada por uma constante investigação de linguagens. Lenora de Barros: nossa maior poeta hoje, eu diria.

Atualmente vive e trabalha em São Paulo.  Omar Khouri março 2005.

 

 


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