apreciações críticas |
JULIO PLAZA: A ARTE COMO EXERCÍCIO DO PENSAR
No século XX (sem contar com outros séculos) o Brasil recebeu artistas de fundamental importância para a produção de linguagem, aqui neste ocidente tropical (nem tanto). Julio Plaza, espanhol de Madrid (1938) foi dessas figuras exponenciais: aportou e deitou raízes a partir da cidade de São Paulo. Com um talento extraordinário e um repertório admirável, Plaza exerceu a docência por mais de duas décadas entre nós, ao mesmo tempo em que atuava como artista plástico - fazendo cada vez menos e cada vez mais valorizando as novas tecnologias - e como gráfico, tendo colaborado na elaboração de obras fundamentais para a poesia e as artes do Brasil (Poemóbiles e Caixa Preta, obras em parceria, revistas, como POESIA EM GREVE e QORPO ESTRANHO). Do perecível ao reprodutível e disponível). De pensador da linguagem a fazedor e teórico, com inúmeros textos publicados. Seu rigor, competência e parcimônia deixam muitos herdeiros: seus alunos e pessoas que com ele conviveram. Fez uma das mais importantes exposições que São Paulo já vira, em 1977, desde aquela célebre, sessenta anos antes, em que Anita Malfatti emergiu como vítima e heroína das Artes no Brasil. Plaza ignorava a crítica de frivolidades, sabendo - talvez - do tão pouco que se tem para dizer, neste mundo de efemeridades. Conceptualismo e metalinguagem: palavras-chave para compreender o legado de Plaza, que agora, forçosamente deverá ser avaliado. E vale muito. Muitíssimo. Seu falecimento recente (São Paulo, junho de 2003) deixou todos nós, amigos, consternados. Julio Plaza: fica um vazio que se aproxima do quase-nada a que pretendeu chegar. Omar Khouri . S. Paulo agosto 2003
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