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ARTE E EDUCAÇÃO
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MASP

 

Criado em 1947, o maior museu de arte da América Latina, o MASP, traz consigo o peso de três nomes, a saber: Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi. Mortos, já, os três, o Prof. Bardi recentemente, aos 99 anos. Pietro e Lina cheguei a conhecer pessoalmente, ainda que pouco. Conversei com ambos, mais com ele, pois era comum que o encontrasse no elevador do museu e isto era oportunidade para cumprimentá-lo. Visito o MASP desde os anos 60, quando ainda se encontrava no prédio dos Diários Associados, na 7 de Abril, centro de São Paulo. Talvez que, excetuando-se as pessoas que trabalham no museu, eu seja quem mais tenha estado em suas dependências: penso que mais de quatrocentas vezes (em algumas para ver três ou quatro peças, as minhas preferidas: um Toulouse-Lautrec, um Cézanne, um Monet, um Manet, a "Bailarina de Catorze Anos", bronze de Degas). O MASP é um pequeno grande museu. Isto quer dizer que possui um acervo pequeno, se formos compará-lo com museus da Europa e dos Estados Unidos, mas grande no sentido de que as obras que lá se encontram são da mais alta qualidade: qualquer museu do mundo desejaria tê-las. Um museu, em verdade não precisa ter cem mil peças. Com quinhentas obras se faz um grande museu, bastando para isto que elas tenham qualidade. Um museu serve para dar uma idéia de como a Arte se comportou num determinado período ou desde sempre, mas, antes de tudo, serve para possibilitar o acesso de todos ao que de melhor se produziu em termos de arte, além da preservação e conservação das obras. Mas um museu, que não precisa ser necessariamente completo, tem como papel principal possibilitar ao fruidor a experência que é aquele de estar frente a frente com um objeto único, aurátrico. Todo Museu interessa porque é constituído de objetos únicos. Mário Pedrosa , grande crítico de arte, em carta de 1958 a Oscar Niemeyer, propõe um museu para Brasília que seria feito, não de obras, mas de cópias e reproduções, dada a impossibilidade de se formar, na nova capital, um museu realmente importante. Com toda a grandeza e sabedoria de que era portador, Mário Pedrosa não pensou que as coisas mais importantes que um museu pode oferecer são - mesmo que poucos - objetos únicos que possibiltem a experência acima mencionada. Em outras propostas o crítico foi mais feliz. Hoje falamos em banco de dados, banco de imagens. Nada disso substitui a tal experiência. Quanto ao MASP, continuo um seu admirador, só não concordo com o processo de kitschização por que tem passado, pois as curadorias têm construído um museu (falso) antigo dentro do moderno, destruindo o projeto original de Lina Bo e expondo as obras de uma maneira tradicional. Cada vez gosto mais do projeto de exposição da arquiteta italiana: sem paredes, suportes de vidro, uma visão geral do que está sendo exposto. O MASP de Lina Bo: arquitetura e exposição, eram elentos diferenciadores que valorizavam o museu como um todo. Para se estudarem certas fases da Arte Ocidental, é preciso sair-se do Brasil, porém o MASP já oferece aos aficionados um mínimo que não é nada pouco. OMAR KHOURI

 



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