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HISTORINHAS DE POETAS
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CINCO MINUTOS É TEMPO POUCO!

 

            Os poetas concretistas tiveram uma enorme influência na minha formação. Isto nunca me deixou angustiado, antes, pratiquei um ato de antropofagia, oswaldianamente (como diria José Celso Martinez Correia): tudo o que eu não possuía mas que desejava e que via que eles (os concretistas) possuíam, degluti. Assimilei. "Só me interessa o que não é meu"… ( O. de Andrade, Manifesto Antropófago . 1928) deles absorvi aquela coisa do rigor extremo na elaboração de seleções, de antologias. Daí que, como eles, eu refugava muitos autores. Alguns criadores não teriam importância para a minha vida de poeta e de professor, portanto eu os desprezava, assim como os concretistas o faziam. Daí é que, às vezes, topava com parte de obra de um desses autores que - notava - possuía algum interesse, como era o caso de Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Raimundo Correia e até Castro Alves. Foi aí que, um dia, estando com o poeta Haroldo de Campos, que sempre batalhou - teorizando - pela organização de uma antologia da poesia brasileira de invenção, "antes feita de fragmentos que de poemas inteiros", resolvi perguntar-lhe sobre Castro Alves: - Haroldo, você poderia me expor o que pensa sobre Castro Alves, em cinco minutos? (Hoje, eu diria: "em dois minutos e meio"). Haroldo, com todo o seu polimento e erudição, mais a calma intelectual que os anos lhe emprestaram, levou meia hora, numa bela explanação, para me justificar porque é que ele não poderia me resumir Castro Alves em apenas cinco minutos! Fiquei satisfeito e, entre as conclusões que pude tirar disto ficou a de que, em certas época - como já observara Ezra Pound - é preciso ser-se radical ao máximo… Em outras, sem que haja a perda do rigor, há que se ponderar e encontrar a qualidade onde quer que ela esteja, mesmo que em poemas/poetas anteriormente ignorados de maneira proposital, em prol de um programa poético, de uma postura coerente. OMAR KHOURI

 

 



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