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HISTORINHAS DE POETAS
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POUND: O POETA NÃO MAIS ENXERGA? O POETA ENVELHECE?

 

             Ezra Pound (18??-197?) o grande poeta estadunidense, crítico de suma importância, tradutor-inventor, protetor de poetas, pintores e músicos, teve uma das influências maiores no século que acabou de passar. Vanguarda no início do século XX, é um dos fundadores do Imagismo, entre outras tendências artísticas; teve um papel importantíssimo na divulgação da cultura oriental (mormente a chinesa, no Ocidente). Ezra Pound: um dos valores maiores para o movimento da Poesia Concreta no Brasil: o poeta, o crítico, o tradutor de poesia. Pound passou por mil e uma aventuras, inclusive prisão-humilhação (preço por ter apoiado idéias do fascismo italiano, num equívoco que, aliás, acometeu muita gente boa) e prisão em manicômio judiciário. Terminada a pena voltou para a amada Itália. Pound, com toda a sua incomparável grandeza, na elaboração de se Paideuma, exclui Mallarmé, em prol de outros simbolistas, também enormes poetas. Mallarmé é o autor do Lance de dados, poema fundamental para as poéticas mais radicais dos Modernismos. Na velhice, rapazes do Brasil, fundando um movimento poético radical escrevem-lhe e obtém resposta. Mas parece que Pound não gostou muito da Poesia concreta, que o colocava com destaque em muitos de seus escritos teóricos. O poeta estava velho. As pessoas envelhecem, as plantas envelhecem, as instituições envelhecem. Cansaço, tédio… Haroldo chegou a estar com o poeta, na Itália, em fins da década de 50. O velho já não demonstrava vontade de conhecer coisas novas (isto a propósito de Volpi, citado por Haroldo na conversa que tiveram, e que depois se transformou num belo escrito que foi publicado com o título de "Ezra Pound: I Punti Luminosi"). O direito à velhice sem perturbações. As pessoas envelhecem, diferentemente da tirada genial de Eric Satie, que disse que quando era jovem as pessoas lhe diziam que, as cinqüenta ele iria ver e, tendo chegado àquela idade, não via nada, ou seja continuava com a mesma irreverência da juventude. A perda da curiosidade, mais do que a flacidez e as rugas, é o principal sintoma de que se está velho. Pound queria sossego. Espero que a curiosidade persista nos nossos amigos concretistas (Décio, Haroldo, Augusto), que já entraram na casa dos setenta. Saúde! OMAR KHOURI

 



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