apreciações críticas
apresentações
arte e educação
arte etc
cultura popular
comunicação
estética
fotografia
galeria de fotos
glossário
história
historinhas de poetas
humanos seres
livros
manifestos
memória
música
paideuma
pintura
poesia
poesia: aproxime-se
polêmica
registros
revistas de invenção
semiótica
tradução


HUMANOS SERES
nomuque.net

MARIA YOLANDA LOPES MANSO DA COSTA REIS

            

            Só quem assistiu durante alguns anos às suas aulas pode ter uma idéia do que seja uma AULA fora do comum e da magnífica professora que foi Dona Yola, pessoa ainda bastante ativa na comunidade católica de Pirajuí.
            Era uma professora pra ninguém botar defeito: porte imponente (uma mulher alta, corpo cheio sem obesidade e bonita; roupas geralmente neutras, nunca chamando a atenção) com uma desenvoltura de fazer inveja a qualquer repórter de televisão. Dona Yola tinha tudo: uma inteligência perceptível em tudo o que fazia, conhecimento profundo dos assuntos sobre os quais discorria, um timbre especial de voz, que teria feito sucesso em rádio e que, dada a maneira como articulava as mensagens, passava a necessária credibilidade. Geografia era a sua disciplina e ela honraria todos os que se ocuparam do estudo desse Nosso Planeta, desde os gregos, até seus colegas contemporâneos, como é o caso do Professor Aziz Nacib Ab'Sáber.
            Eu era simplesmente siderado em suas aulas no “Pujol”. Fascinavam-me seus conhecimentos que eram originários de leituras de livros, jornais, revistas especializadas que ela assinava, como a National Geographic, ainda em inglês (língua que ela dominava, assim como espanhol e francês, passando pelo latim), da observação, das viagens que fazia sistematicamente pelo Brasil, o que foi ampliado com viagens para outros países sul-americanos, para países da Europa e para os Estados Unidos. Quando explicava, portanto, sabia do que estava falando: conhecia por ter visto/estado, além das informações hauridas em livros e outros fontes. Isto me faz lembrar das viagens do “pai da história”, Heródoto, que resultaram nos famosos e fascinantes “nove livros”.
            Dona Yola utilizava um mínimo de recursos didáticos, com um máximo de rendimento: sua presença, com a irrepreensível comunicação verbal-oral, giz, quadro-negro. Neste, uma quase taquigrafia ilustrada… Suas aulas: verdadeiras reportagens. Aulas quentes. Quentura como a que coloca McLuhan com relação aos meios de comunicação. Sonhávamos (nós, seus alunos) com as descrições das paisagens naturais: formações florestais homogêneas, heterogêneas, savanas, estepes, tundra, desertos… Nas tarefas: mapas em que, com um simples olhar, ela detectava falhas e dizia um “refaça!” Assim, aprendíamos.
            Lembro-me do meu vestibular, em inícios de 1970: das 25 questões de Geografia do exame de Conhecimentos Gerais, só errei uma e por mera distração… As aulas de Dona Yola estavam vivas em minha cabeça.
            Seu amor pelo Rio de Janeiro, sua paixão pela Civilização Estadunidense davam um colorido especial às suas aulas. Dona Yola, em seu ofício de docente fez sempre o melhor que pôde. E ela sempre pôde muito. Muitíssimo!
OMAR KHOURI

 

 


Os textos presentes neste site estão protegidos por direitos autorais. A utilização é livre desde que devidamente referenciada a fonte.