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POESIA
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MÉTRICA

             

            O metro, a métrica, como o próprio nome já diz, é uma medida para a linha-verso. Em outro sistema, o quantitativo, que jogava com breves (U) e longas (_) para a obtenção de um certo ritmo, a extensão dos versos dependia do número e tipo de pés que o compunham. Pé era uma unidade formada por duas ou mais sílabas. Por exemplo: o iambo era composto de uma breve e uma longa; troqueu: longa, breve; dátilo: longa, breve, breve; anapesto: breve, breve, longa. Então se fala, por exemplo, em versos hexâmetros datílicos, o que significa um verso com seis pés dátilos; pentâmetro iâmbico etc etc etc. Mas isto não serve para nós, para a nossa versificação. Nosso sistema de versificação é silábico e joga com sílabas fortes e fracas para fazer configurar um certo ritmo e a medida existe em funçnao do ritmo e não o contrário. Daí, dependendo das necessidades que tem o poeta para a feitura de uma peça, ele optará por uma medida - verso com um certo número de sílabas - ou até poderá combinar medidas diferentes. Do mesmo modo, poderá blocar/agrupar versos em estrofes que podem ser de dois (dístico), três (terceto, quatro (quadra ou quarteto), oito (oitava) mais ou menos.Cada medida comporta um certo número de configurações rítmicas - número limitado, diga-se. No poema, no verso, sílabas se juntam em prol do metro/ritmo, suprimem-se, ou, pelo contrário, separam-se, acrescentam-se. Pelo nosso sistema, a contagem (que é o mesmo do francês, porém diferente do espanhol e do italiano, que são também idiomas neolatinos), conta-se até a última sílaba tônica, desprezando o restante na contagem (não na leitura!). De fato, para a configuração rítmica, as sílabas finas fracas quase nada pesam. Assim, por exemplo, temos:
                 Uma orquídea forma-se
                 Vou-me embora pra Pasárgada
                 Lá sou amigo do rei
            Escandir um verso significa desdobrá-lo em suas sílabas constitutivas. E isto se aprende com muita prática e é melhor fazer a escansão de um verso em seu contexto, ou seja, no poema, para que o trabalho seja feito com mais segurança e, para tal, usam-se os dedos. Veja com alguém experiente nesta matéria. Embora se falem em versos de uma a doze sílabas (monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo, hexassílabo, heptassílabo, octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo e dodecassílabo/alexandrino), só a partir de duas sílabas a coisa vem a funcionar, assim mesmo, compondo cada dois versos. Além de doze sílabas, há o problema de o verso não se sustentar enquanto tal, desfazendo-se em dois ou mais versos menores; porém, não é proibido tentar. Versos podem ter divisões precisas, do mesmo modo que certas pausas são obrigatórias. num certo dodecassílabo, temos a divisão (cesura) mediana, sendo ele composto de duas metades que se equivalem (os hemistíquios), como em:
                 Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; (Cesário Verde)
            Bem veja tudo isso, começando - talvez - pela obra de manuel Bandeira, que, por sinal, foi quem introduziu o verso livre no Brasil.
            (Um poema em versos livres é aquele que não obedece a uma medida única para suas peças componentes: os versos já não tem sequer uma contagem de sílabas, nas fluem sob uma eurritmia. Bandeira fala que é mais difícil de fazer, Eliot diz que não é tão livre assim. Décio chamou a atenção para a importância do corte da linha-verso).

OMAR KHOURI

 

 


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