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HUMANOS SERES
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JOÃO CABRAL DE MELO NETO

 

            Não cheguei a conhecer João Cabral (Recife 1920, Rio de Janeiro 1999 e, nesse interregno muitas, mas muitas cidades também fascinantes, como Sevilha, Barcelona, Porto). Não pessoalmente e isto parece uma trama do destino, que não permitira o encontro. Porém, houve três ocasiões - excluindo-se as várias e excepcionais sessões de leituras feitas pelo poeta Luiz Antônio de Figueiredo que, dizendo poemas como "O sim contra o sim", explicitava as maravilhas do trabalho de um verse maker que alcançava níveis estratosféricos: ninguém leu João Cabral como LAF, nem o próprio João Cabral - em que o encontro com a poesia cabralina se efetivou, sendo que o cara-a-cara quase aconteceu em duas delas :
1. Nos anos 60 o seu "Auto de Natal Pernambucano": MORTE E VIDA SEVERINA, tedo sido musicado por Chico Buarque de Holanda e encenado pelo grupo do TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo) ganhou prêmio no Festival de Teatro de Nancy, na França. De Volta ao Brasil, grande sucesso e muitas apresentações. O grupo excursionou pelo interior e, quando da apresentação em Marília, tive a oportunidade de ver a encenação, com aquele elenco original. Foi lindo! Mais tarde vim a conhecer melhor a obra de Cabral e percebi que o "Morte e Vida Severina" era o menos bom de seus textos, o menos difícil...
2. Viajando para a Europa em 1985 e sabendo que ele se encontrava na cidade do Porto, em Portugal, como Cônsul, pensei em procurá-lo e levar-lhe material poético do meu grupo, no que fui ajudado por Augusto de Campos que o conhecia e pediu que lhe entregasse um exemplar da CAIXA PRETA, obra sua e de Julio Plaza. Acontece que de Portugal só conheci Lisboa e Sintra. Da simpática capital lusitana enviei o material por correio para o Porto. Depois, soube por Augusto de Campos, que ele havia recebido as publicações...
3. Quando do lançamento de suas obras completas pela Nova Aguilar, em São Paulo - meados dos anos 90 - ele compareceu e era a chance que eu tinha de vê-lo. Porém, obrigações profissionais me impediram de ir ao evento. Minhas amigas Vilma Maggio e Samira Chalhub foram, compraram um exemplar que ele autografou e me ofereceram como presente de aniversário.
            Mesmo dispondo de seu endereço no Rio de Janeiro, bairro do Flamengo, onde veio a residir depois que se aposentou do serviço diplomático, não cheguei a procurá-lo. A fama do mau humor cabralimo me impediu de fazê-lo, muito embora eu o admirasse sobremaneira.
            Cabral ultimamente era considerado por muitos o maior poeta do mundo. O que eu sei é que ele foi um dos maiores poetas de língua portuguesa de todos os tempos e que considero A EDUCAÇÃO PELA PEDRA, de 1966, seu maior livro. Preciosidade maior entre outras tantas preciosidades. Eis aí um poeta cuja leitura pode ser tida como indispensável! OMAR KHOURI

 


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